A importância da intenção
De tempos em tempos, ciclos se encerram e é preciso mudar a casca com a qual vivemos no mundo, pois esta já não serve para o que está por vir. Já reparou que os animais trocam de pelo ou de pele, como as cobras e alguns até mudam sua forma, como as borboletas?
Pois bem, pássaros trocam as penas.
Depois de anos vivendo intensamente na gaiola de pensamentos, com desejo de expirar e inspirada pelas histórias da pombinha-vó, a passarinha sentiu que
agora
era
hora
de fazer um vôo mais longo e sair dos trópicos para renovar a plumagem no inverno.
Sair do Jardim das Delícias, cruzar o rio que nutre o Cerrado e ver o que há além do oceano de si mesma.
Para lembrar que não é uma passarinha.
Mas que é como passarinha que vivencia o mundo e quer desfrutá-lo do jeitinho que é.
O que todos os seres buscam é a felicidade.
E sem saber muito bem o que realmente é a felicidade, cada um busca à sua maneira, às vezes em objetos, sensações ou outros seres – enquanto isso a vida passa e a felicidade segue ali, guardada no único lugar que a gente não olha… dentro do coração.
Entendendo que nada do que encontrar por aí lhe trará felicidade, não está a buscar nada ou fugir de algo.
A passarinha voa porque é bom,
pois Deus lhe deu asas
e é para voar que asas são feitas.
Usa o mundo para se revelar – pousa em experiências a fim de observar como seus olhos a fazem sentir diante do que vê.
Já que o mundo é cheio de belezas, que tal apreciar?
Nada mais a fazer…
Atravessar o oceano para sentir os aromas e sabores do lado de lá, colocar os sentidos em contato com novas ideias, ouvir sons e histórias, estar aberta ao que vier … aprender.
Deleitar-se de amor por si mesma, manifesto na forma do mundo.
É importante ter clara a intenção em tudo que fazemos, pois é o que nos ajuda a manter o rumo do vôo com determinação mesmo quando o vento muda (dentro e fora da mente).
E assim todos os sinais foram auspiciosos e, com tudo preparado, se despediu do verde Jardim das Delícias, cantou para os mestres ao pôr do sol, ganhou abraços dos amados bichos, ouviu conselhos das sábias árvores e até o céu e as estrelas lhe abençoaram –
voa voa, passarinha!