O doce néctar das Oliveiras

Quem ensinou a passarinha a voar foi sua avó, uma garbosa pombinha que deu várias voltas pelo mundo e viveu muitas aventuras (se gabava de conhecer as sete maravilhas do mundo moderno). A passarinha cresceu debaixo de suas asas, ouvindo sempre encantada suas histórias sobre lugares incríveis, as façanhas do bicho humano e os esplendores que Deus criou. 

Dizia sempre que tudo passa, que é preciso paciência pois ‘Roma não se fez em um dia’ e que o segredo da felicidade é servir com Amor.

Sábia e alegre, típico de quem já viu muita coisa e não se impressiona facilmente, a pombinha tinha asas firmes que lhe permitiram voar longe, mas suas raízes pernambucanas eram fortes como as de uma Oliveira sagrada. 

Há pouco tempo se entregou a seu último vôo – decididamente feliz. De coração seco, a passarinha voou rumo ao Nordeste para se nutrir no néctar doce das Oliveiras.

Pernambuco é terra do frevo e do maracatu, de revoluções, de povo arretado e de cana de açúcar, crucial na história do Brasil Colônia. Uma das maiores heranças deste período é a arquitetura barroca da capital Recife, tesouro histórico que se esgueira entre as curvas e pontes de seus rios e mangues, a seduzir o olhar com um charme natural urbano (e nos repelir com a fedentina, um “cheirinho” familiar e até afetivo). 

Para além da singularidade e evidente caos deste cenário, está a vida colorida de sua cultura regional e autêntica, que verte quente pelas ruas de pedras do centro e pouco a pouco sobe em monocromia-classe-média pelos arranha céus brilhantes.

Recife tem bastante história, tapioca e comida gostosa, mas a passarinha queria mesmo era renovar a doçura do sangue

Sentir Amor sem contra indicação

E o coração é uma contradição: 

Quanto mais cheio, mais leve fica

Ser livre 

é só ter flores de Deus para dar. 

Isso é Amor.